terça-feira, 26 de agosto de 2014

Foi Dia de Festa e alimentaram-se várias almas...




Alerta: Este post contém doses massivas de lamechice,  e (na melhor das hipóteses)  vestígios de humor

Para quem só agora entrou neste cacilheiro chamado Ervilha Maria e o Prato do Dia, a Maria Achocolatada é a minha mai' velha. Maria Achocolatada é uma recém-adolescente, aficionada dos One Direction, e adicta de quantidades cavalares de chocolate, como o próprio nome indica. É difícil para uma mãe falar de uma filha sem mergulhar de cabeça na lamechice, por isso assumo o tom desde já: a minha cria é a mai' linda do mundo e eu não poderia almejar ter uma filha melhor... Apesar de já ter dito a frase sacramental "tou aqui estou a atirar-te pela janela"... E dos One Direction. Mas tudo isso são nano-mini-micro partículas, ao pé do conforto do abraço dela, do prazer dos seus beijos melosos, e da perfeição de ouvir "amo-te, mãe!" (eu avisei que a coisa ia descambar para o delicodoce).

E porque é que hoje despi o fato de cínica maledicente que vocês tão bem conhecem? Porque a Maria Achocolatada fez anos, e este post é subordinado ao  banquete de aniversário da princesa. O alegre convívio foi protagonizado por: "Olhá salsicha folhada" em miniatura (aplicar esta receita usando salsichas cocktail); "Lasanha à Ervilhe Marie é que sabe" (receita aqui); "Mixórdia de Massa com Fumados" (receita aqui); Feijoada Hipster (receita aqui); "E Quando a Bolacha se Enrola com o Chocolate isso é... Salame" (receita aqui); "O Cheesecake d' A Sogra" (receita aqui); e uma quiche costumizada ao palato da piquena (cogumelos frescos e fiambre) e moldada bonitinha para se parecer com uma coroa (e não é que consegui? o amor materno faz milagres!). Uma quiche de Princesa, que é, também, triple B: Boa, Bonita e Barata! E faz-se assim:


Quiche de Princesa

Tempo de Preparação: Comme si, comme ça

Despensa:

Azeite
1 alho ralado
200 g de fiambre aos cubinhos
200 g de cogumelos Paris frescos, laminados
1 colher de chá de oregãos
Sal e pimenta preta moída q.b.
4 ovos
20 cl de natas magras
1 base de massa quebrada.

A parte divertida:

Liga o forno a 200º. Leva uma frigideira anti aderente ao lume (alto), com um fio de azeite e o alho ralado. Assim que o alho ficar douradinho, junta os cogumelos e o fiambre. Tempera com o sal, pimenta e oregãos. Salteia durante cerca de 8 minutos, em lume alto, agitando a frigideira com frequência. 

Bate os ovos com as natas, e uma pitada de sal e pimenta. Forra a tarteira com a base, pica-lhe o fundo com um garfo, e junta os cogumelos e o fiambre, espalhando por toda a superfície. Cobre com a mistura de ovos e natas. Agora a parte mariconça: dobra o excesso de massa para dentro, criando as ondas que vês na fotografia, e pressiona com um garfo à volta. Leva ao forno cerca de 25 minutos-30 minutos, ou até estar douradinha e o recheio cozinhado. Et voilá!

Post Scriptum: Não podia deixar de falar do bolo de aniversário de sonho, feito pela minha Madame Vienetta, decorado de forma brilhante, e que deixou a Maria Achocolatada em êxtase. Ora espreitem aqui!


sábado, 23 de agosto de 2014

Ervilha no Fusing, com o alto patrocínio do altamont.pt



Comecemos pelo princípio: Ervilha Maria ficou com água na boca e o coração partido por não ter ido ao 1º Fusing Cultural Experience em 2013. A junção de culinária e música portuguesa soava-me a tudo de bom. Desde aí, ficou gravado na minha wishlist comparecer este ano. Quando vi as primeiras notícias acerca do Fusing 2014, fiquei aguada. Ao passar os olhos pelo cartaz, soube que o que tem de ser tem muita força, e a minha presença na Figueira da Foz tinha mesmo de ser.

Num daqueles momentos épicos e, lamentavelmente, raros, tudo se conjugou: ao passar o olhos pelo Facebook dei de caras com um passatempo do mui' nobre Altamont, "O" sítio da música, cujo prémio era, nem mais nem menos, do que um passe para o Fusing. Bastava escrever uma frase com algumas palavras-chave, e esperar que a coisa se desse. E não é que se deu? Passados uns dias, lá estava o passe na minha caixa de correio, glorioso e reluzente.

Só faltava a companhia, dado que Zé do Polvo não podia comparecer. Mais uma vez, à distância de um "vamos ?", logrei encontrar os companheiros de aventura perfeitos, Madame Vienetta e Óscar Malagueta. E em jeito de balanço posso dizer que, sem eles, o Fusing tinha tido muito menos graça. Foram 3 dias de:

- Muitas minis, finos, copos de vinhos (obrigada Monte da Raposinha) e afins; comidinha de lata (campismo sem lata não é campismo), e experiências culinárias; música armada em slogan de massa, que é como quem diz, o nacional é bom; e um banho de imersão no meio hipster (como podem confirmar pela foto do calçado "Alunos de Apolo" num festival de Verão à beira-mar plantado).


Estive a reflectir que tipo de narrativa vos iria fazer sobre o Fusing, e decidi fazer um relato sucinto e positivo da minha experiência, que é como quem diz, as cenas boas. Que claramente dão uma abada às cenas menos-fixes (para o meu gosto gastronómico e musical), diga-se de passagem. A saber:


Day 1:

- Um workshop Sushi &Gin, muito do catita, da responsabilidade do Chef Artemy Lopatin e da Casa Havanesa, respectivamente: esta que vos fala não gosta de sardinha, o que me coloca numa posição quase tão solitária como a do António José Seguro. Provei sushi de sardinha, e morri. Bom, mas bom! A queda de um mito para Ervilha Maria.
Capicua: Uma estreia absoluta ao vivo, para mim, que conhecia apenas algumas faixas. A rapper nortenha não escreve, grava na pedra. Letras que ficam a ecoar na cabeça, e beats que nos fazem abanar a pélvis. Esta Maria é muito capaz!
Primitive Reason: Já estes meninos pegaram na minha mão e levaram-me a fazer um passeio pela memory lane. Com o power de antes, e a sapiência de agora, deram aquilo a que se chama um concerto do caraças! Quem nunca pulou a ouvir isto, que atire a primeira pedra!




Day 2:

- Chef Versus Chef feat. Justa Nobre VS Pedro Peixoto: A sábia e experiente Justa contra o novato e criativo Pedro Peixoto. Quem venceu? Óbio: os sortudos que provaram os despojos do duelo, Ervilhe Marie incluída. Cataplana de bacalhau com ameijoas da Justa, e empadas de bacalhau e broa do Pedro. Felicidade! E um bónus, umas bolinhas fritinhas de seu nome cevadinhas: uma invenção do ex-concorrente do MasterChef, fruto de sobras de cozido à portuguesa.
- Capitão Fausto: São putos, têm pica, são filhos do Rock e têm ar disso. Fecharam o palco principal e mereceram-no. 



Day 3:

- Chef Versus Chef feat. Vítor Esteves VS Domítilia: Risotto de lingueirão com panados de tamboril contra Bacalhau desfiado em tosta de broa com legumes salteados e salada de tomate. É preciso dizer mais alguma coisa? Um espectáculo de luz e cor no prato e no palato!
- Dead Combo: Tarantino, se me estás a ouvir, aceita um conselho desta que te escreve: tu põe-te em contacto com este bunch of meninos que te vão fazer "A banda sonora". E não digas que vais daqui, Quentin. Lembra-te de mim quando receberes o Oscar, tá?
- The Legendary Tiger Man: It's rock n' roll, motherfuckers! Peço desculpa pelo vernáculo, mas é a forma mais fidedigna de descrever o concerto do Homem-Tigre. Hell yeah!



E foi isto, fregueses. A prova que um festival não tem de ser uma espécie de Feira Popular, que o interesse na culinária não é coisa de dona de casa, e que a música portuguesa está bem recomenda-se. Pró ano quero mais, sim?

Post Scriptum: Para o resto da reportagem fotográfica, favor ir ao Facebook da Ervilha aqui. Last but not the least, aqui fica a imagem da tenda mais decadente da história da humanidade. É um facto: tenho tanto jeito para campista, como para dador de esperma.


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Ervilha Maria já grama o Instagram! E Ervilhas e Bife.





Rapariga moderna que sou, andava tentada pelo Instagram já há algum tempo. Até à data o meu telemóvel não me permitia esses forrobodós, pelo que só agora a Ervilha vai escarrapachar imagens bonitas e tolas nesta bonita e tola rede social. E um pouco assustadora, vá. Aquela coisa de receber mensagens a dizer qualquer coisa como "jerónimo81 está a seguir-te" é um bocadinho creepy. Nada contra os Jerónimos desta vida, atenção!

Mas estou disposta a ultrapassar o lado stalker do Instagram, se vocês estiverem dispostos a seguir-me. Fregueses fofinhos, não me metem medo. Dão-me até um quentinho no coração. Por isso, agora vou dar-vos 2 minutos para pegarem no vosso aparelho celular, abrirem a aplicação Instagram, procurarem por ervilhemarie e seleccionar a seguir.

Já está? Então podemos prosseguir. 

E é neste espírito inaugural da coisa, que partilho esta mini-receita convosco, a primeira pratada de comida a ser postada no meu Instagram. A preparação demorou tão pouco tempo como demorou criar a conta que vos proponho instagramar a partir de agora. Eu sei, o trocadilho é poucochinho, mas esta pratada que vos apresento é tudo de bom. E sim, tinha de ter ervilhas, festa é festa. E faz-se assim:

#5minutesmeal : As Ervilhas e o Bife

Tempo de Preparação: Tipo Lusco-fusco

Despensa:

1 colher de sopa e meia de azeite
2 alhos laminados
Salsa picada 
1 latinha pequena de ervilhas
Sal e pimenta preta moída q.b.
1 bife de vitela altinho
1 pitada de tomilho seco

Nota: Excepcionalmente, as quantidades acima referidas alimentam uma pessoa. Neste caso, eu.

A parte divertida:

Leva uma frigideira anti-aderente ao lume com o azeite e os alhos. Quando os alhos começarem a estalar retira 1/2 colher de azeite, para uma grelha e leva ao lume.

Deita as ervilhas  para a frigideira, um pouco de salsa picada, tempera com sal e pimenta e salteia durante uns 4 minutos. Entretanto, tempera o bife com sal, pimenta e tomilho, grelha durante 2 minutos de cada lado e deixa repousar 3 minutos.

Deita as ervilhas num prato, corta o bife às tiras, distribui por cima, salpica com salsa picada, et voilá! 

Post Scriptum: Ok, não são exactamente 5 minutos, mas não está longe. E quero provar que estar a sós, não é razão para não cozinhar um prato de comida bonito e delicioso. Já dizia o anúncio, se eu não gostar de mim...


segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Livre de Sentimentos de Culpa, Mas Carregadinha de Sabor!




Hoje dormi a sesta, o que não é meu costume. Sou mais menina para maratonas de 12 horas, com alvorada ao meio-dia, do que sestas singelas de um par de horas. Mas hoje calhou. E o que é vocês têm a ver com isso? Assim de repente, nada. O que se passa é que uma sesta a meio da tarde não me revigora, bem pelo contrário. Fico com a sagacidade de uma palete de contraplacado. Assim, para hoje não esperem grandes pérolas. Um dia normal neste estaminé, portanto.

Ora, então deixa-me cá ver um tema que me ande a atormentar actualmente... Ah, já sei! Calções de ganga cuja a dimensão é tão diminuta que as nalgas ficam expostas às intempéries. Mas o pior não são as nalgas, animam os transeuntes e sempre sai mais barato que o Peep Show. O que realmente me encanita são os bolsos ali pinguços, espreitar por debaixo do calção, tipo preservativo murcho pós-coito. Não é fixe, está bem? Pronto, ficamos assim.

E o que é que é fixe? Esta molhanga que já estava prometida, que fica bem com tudo e mais alguma coisa, mas casa com especial brilhantismo com estes bifes acarilados e cheirosos. Este molho é uma variação aportuguesada do grego tzatziki. Gostoso e saudável, ao contrário da economia helénica. E faz-se assim:


Um Molho do Caraças! de Iogurte e Pepino.

Tempo de Preparação: Tipo Lusco-fusco

Despensa:

1 pepino descascado e sem sementes
2 iogurtes naturais (atenção, que não podem ser açucarados)
1/2 limão
1 colher de sopa de azeite
1 colher de chá de alho em pó
Sal e pimenta preta q.b.
Coentros picados (2 colheres de sopa bem cheias para o molho e mais um pouco para salpicar)
Raspa de limão para decorar

A parte divertida:

Isto quase que não é uma receita, de tão simples que é: rala o pepino para uma taça. Junta os iogurtes, o sumo de meio de limão, o azeite, e mistura. Agora, "bota" o alho em pó, tempera com o sal e a pimenta, e junta os coentros. Volta a mexer bem. Coloca no recipiente onde vais servir, salpica com coentros (eu usei em flor, porque fica mai' lindo, e porque tinha, né?), um pouco de raspa de limão, et voilá!

Post Scriptum: Com umas singelas ervilhas cozidas, com alface roxa, com frango no churrasco, com uma bela posta de salmão, numa sandocha de salmão fumado com umas rodelas de pepino, com umas batatinhas novas cozidas... Com o que quiserem. É mesmo uma molhanga do caraças!






terça-feira, 5 de agosto de 2014

Se bem cheira, melhor sabe!





Hoje, Ervilhe Marie encontra-se particularmente bem-humorada, pelos 20.000 motivos estampados no post anterior (aqui). Dado o exposto, recuso-me a falar sobre o BES e o Sr. Salgado. Não vou escrever a crónica da morte anunciada da banca portuguesa, como a conhecíamos até à data. Não vou falar do evidente e pornográfico compadrio que permitiu que as coisas chegassem ao ponto a que chegaram. Recuso-me a dissecar a obscena impunidade de que se goza em determinadas prateleiras douradas, que tanto contrasta com os múltiplos, e cada vez mais banais, despedimentos porque sim. 

Não vou sequer referir a "solução" encontrada (e deixem-me enfatizar as aspas) que converte, como que num passe de mágica, não só os clientes e accionistas do dito cujo, como todos os restantes contribuintes, em mexilhões. Se bem que, já estamos a ficar tão habituados a essa condição, que para bivalve só nos falta a concha. Não, não vou falar sobre toda esta imundice patrocinada pela inércia dos nossos representantes eleitos democraticamente por uma ínfima fatia da população, porque os restantes não alcançam a importância do voto nas eleições, mas lixam o saldo todo para expulsar "aquela badalhoca da Casa dos Segredos que está a fazer jogo". A inércia é lixada (nada pessoal Rita Blanco, tu és gigante)!

É que este assunto cheira mal, fede que tresanda e eu tenho um olfacto muito sensível. Prefiro o cheiro destes bifes de peru aromáticos, carregadinhos de especiarias e mais umas quantas coisas perfumadas, e saborosos como só eles. A sério que prefiro, chamem-me esquisita. E faz-se assim:

Bifes de Peru "Ai, que cheirinho bom!"

Tempo de preparação: Comme si, comme ça

Despensa:

Azeite (3 colheres de sopa para a marinada mais 1 fio de azeite para cozinhar os bifes)
3 colheres de sopa de sumo de lima
3 colheres de sopa de coentros picados
2 alhos ralados
1 colher e meia de chá de caril em pó
1 colher de chá de açafrão em pó
1 colher de chá de gengibre em pó
Sal e pimenta moída q.b.
8 bifes de perú finos
Serve com 1/2 lima e coentros picados

A parte divertida:

Simples, simples, simples, xau-tau-pimba: junta numa taça 3 colheres de azeite, o sumo da lima, os coentros picados, os alhos e mistura. Agora, adiciona o caril, o açafrão, o gengibre, o sal e a pimenta, e mistura outra vez. Tempera os bifes com uma pitada sovina de sal grosso, esfrega-os com a marinada que preparaste, e leva ao frigorífico meia hora.

Leva um frigideira  anti-aderente ao lume com um fio de azeite. Quando a frigideira estiver quente, coloca os bifes, deixa cozinhar 4 minutos, vira e deixa mais 4 minutos. Vira outra vez e frita mais 2 minutos de cada lado. Salpica com os coentros, serve com meia lima para cada um regar a gosto, et voilá!

Post Scriptum: Cá em casa, isto serve-se com arroz basmati e um molho do caraças de iogurte e pepino. Querem a receita da molhanga? Queriam! Estou a brincar, é claro que vos dou. O que é que eu não faço pelos meus fregueses? Não percam no próximo post o dito molho do caraças. Um pouco de suspense nunca fez mal a ninguém.



Ervilha agradecida!

Era só isto. 


Post Scriptum: É claro que podem aproveitar para divulgar a página, partilhar, e até mesmo impingir. É que estão mesmo à vontade! 

domingo, 3 de agosto de 2014

Ervilha Maria e os Seus Jeitosinhos. Não, não virei cantora de Música Pimba...





Fregueses, este é um momento solene e deve ser tratado com toda a parcimónia e a seriedade que merece: Ervilha Maria soltou os seus Jeitosinhos na Praia Grande, e há-os para todos os gostos e feitios. Ok, isto não soou muito, soa um bocado a proxeneta. Enfim...

Mas vamos ao que interessa: nos dois melhores barzinhos de praia do Mundo, o Aqui Há Mar e o Bar do Sul, a juntar a um sem número de coisas catitas (umas tostas XL, grandes em tamanho e em sabor, e umas caiprinhas do Demo) os Jeitosinhos da Ervilha Maria estão disponíveis para prazer e deleite dos fregueses (pelo menos assim o espero). E o que são os Jeitosinhos, perguntam vocês?



Jeitosinhos: pastelinhos crocantes, saborosos e leves, criados por Ervilha Maria, num momento de inspiração. Fazem-se acompanhar amiúde por uma cerveja bem gelada. Começaram por ser recheados de Milho e Cenoura, depois veio a Bolonhesa, a seguir os de Presunto e Queijo, os de Caril... E se bem conhecem a cabecinha de Ervilhe Marie, isto ainda é só o começo.


E agora que já sabem quem, o quê, onde, quando, porquê e como (que a menina aprendeu bem os 5 W's & H na faculdade, não foi só a jogar à sueca) é aparecerem, comerem, beberem, apanharem sol, enfim, o belo do esplanading. Digam que vão da minha parte!


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Há mar e mar. E depois há este robalo.




Este texto já foi publicado algures na blogosfera e numa publicação local. Mas uma vez que vos trago pela primeira vez um prato feito com a faina do meu excelso companheiro, achei que devia partilhá-lo convosco. Aqui vai uma visita guiada às profundezas da convivência com o meu Zé do Polvo. Enjoy!

O meu MARido 

O meu marido… A primeira vez que me referi a ele como "o meu marido", tive um ataque de riso, o qual não terá sido muito apreciado por ele. Pior, pior, só o ataque de tosse quando peguei na caneta para assinar “O Contrato” (nota: um ataque de tosse dentro de um corpete e uma saia de balão é uma provação). Eu acho que ele não vai querer festejar as bodas de prata, com receio que desta vez o ataque seja cardíaco.

Mas voltando ao meu marido, é viciado no mar. Poderão dizer que é saudável, proveitoso, relaxante, que há vícios piores. Ok! Podia ser viciado em substâncias estupidificantes, tipo álcool, jogo, o Benfica, mas para isso tinha-me casado com o Manuel Vilarinho. Mas o que vem por acréscimo deste vício do mar, é que torna a questão complicada. Sigam-me:

•Vou fazer uma salada. Vou abrir o frigorífico. Vou abrir a gaveta dos vegetais. O que é que eu encontro entre a rúcula e a courgette: minhocas embrulhadas num jornal, vulgarmente conhecidas por isco. Esquece a salada, vou comprar um frigorífico novo com alarme anti-invertebrados repugnantes.

•O meu marido é lindo. Não quero parecer Luciana Abreu, mas é verdade. Ele é mais uma prova do meu impecável sentido estético. Mas pescar, também é sinónimo de Carnaval, aliás, aqui encaixa-se melhor o Halloween, e já vão perceber porquê. Imaginem a seguinte peça de roupa: jardineiras/galochas. Dois em um, mas sem o odor frutado dos champôs. Em borracha verde, no tom “relva enlameada”. Ah, e não nos podemos esquecer do gorro com tapa-orelhas, que lhe confere o glamour dum lenhador. Tudo isto, num adulto com 38 anos. Isto é que é testar a libido da mulher (provas ultrapassadas com distinção, diga-se em abono da verdade).

• Ele vai pescar à noite. Eu juro que não adormeço até ele chegar, na esperança de lhe incutir algum tipo de sentimento de culpa. É claro que sozinha, acabo por entrar naquela dinâmica vinho tinto alentejano mais telecomando, e adormeço antes de acabar o genérico do episódio especial nº 3333 do CSI qualquer coisa. Acordo estremunhada, enquanto ele irrompe pelo quarto: “Olha, amor, olha!”. O que é que ele traz na mão? Hipótese A: um ramo de rosas vermelhas; Hipótese B: aquele relógio novo da Calvin Klein; Hipótese C: um alguidar de peixe. Sim, a bela pescaria é sinónimo de incenso de escama no meu quarto, às duas da manhã.

Aposto que por agora, já estavam dispostas a aceitar um cônjuge permanentemente etilizado, e cuja segunda casa é o Bingo da Luz, de braços abertos. Pois, mas isso é para quem gosta de facilitismos. As dificuldades a mim não me assustam, gosto de desafios. Aceito esta estrada, sujeita às duras intempéries, características de quem se resignou a casar com um homem simpático, bonito, inteligente, e com escamas debaixo das unhas. Cada um tem a sua cruz!

E é isto. E agora vamos ao "comer": um peixe tão fresco, tão saboroso por si só, deve ser tratado com parcimónia. Esta preparação potencia o sabor natural do belo do robalo, e dá-lhe pontos extra. E é uma beleza e felicidade com as batatinhas, um tabuleiro lindo de se pôr na mesa. E faz-se assim:

Robalo graúdinho com Batatinhas miudinhas, a saltar, a saltar no Tabuleiro

Tempo de Preparação: Isto é coisa para demorar

Despensa:

Azeite
6 cebolinhas às meias luas
3 alhos grandes laminados
1 raminho de cheiros com salsa, coentros e 1 folha de louro verde
1 Robalo com 1,200 kg
Sal e pimenta preta moída q.b.
800 g de batatas pequenas às rodelas (1 dedo de espessura, mais coisa menos coisa)
1 folha de louro verde aos pedacinhos
20 cl de vinho branco
2 rodelas de limão
2 colheres de salsa picada
2 colheres de coentros picados 

A parte divertida:

Liga o forno a 200º. Cobre o fundo de um pirex com um fio generoso de azeite, e espalha as cebolinhas. Tempera o peixe com o sal e a pimenta, enfia o raminho de cheiros dentro da barriga do peixe, juntamente com 1 alho laminado. Coloca o peixe em cima da cebola, no meio do pirex. 

Coloca as batatas numa taça, rega com um fio de azeite, junta dois alhos laminados, a folha de louro aos pedaços, e tempera com sal e pimenta. Remexe, e coloca as batatas a rodear o peixe. Rega tudo com o vinho, e o peixe com um fio de azeite. Salpica com 1 colher de salsa picada e 1 de coentros.

Coloca a meio do forno com um tabuleiro por cima, durante 45 minutos, e vai regando com colheradas de molho,  de 10 em 10 minutos. Tira o tabuleiro de cima, e deixa assar mais 15 minutos. Decore as rodelas de limão, salpica com a salsa e os coentros picados que restam, et voilá!

Post Scriptum: Sim, eu sou uma felizarda, porque o meu fornecedor de peixe só tem peixe de mar, ridiculamente fresco, e é tudo à borliu. Sim, é o senhor que dorme comigo. Posto isto, façam-me um favor: não façam isto com peixe de viveiro. Façam um mealheiro com um desenho de um robalo, e chegado o dia, comprem um robalo de mar. Na lota, que sai mais barato. Caso contrário, mais vale abrir uma lata de atum. Mas isto sou só eu que sou uma fundamentalista, muito graças ao homem da faina que é tão somente o homem da minha vida. E assim me despeço em modo lamechas.