sexta-feira, 30 de maio de 2014

Olhó doce vaidoso que deixa a Ervilha vaidosa!




O texto que se segue já tem algum tempo, e foi publicado por aí na blogosfera. Resolvi recuperá-lo por uma de duas razões (ou quem sabe ambas), escolham a da vossa preferência: 1- gosto muito do tema, e acho que não me saí mal; 2- não sabia sobre o que escrever hoje, por isso foi só meter isto no microondas, et voilá!

À procura do amor... Ou algo mais...

Não meus amigos, isto não é uma carta aberta. Não ando à procura do príncipe encantado. Felizmente, já encontrei um republicano que me encanta.

Venho hoje falar-vos sobre uma magnífica rubrica da revista fúcsia ANA. Isto sim, é serviço público, meus amigos. O El Dorado da paixão está à distância de um SMS.

Parece-me por demais evidente que a maioria dos interlocutores não é bem amor que procura, é mais regabofe a custo zero. No entanto passo a citar alguns exemplos e tirarão as vossas próprias conclusões.

"Sexo por prazer. Convivo com meninas, senhoras e casais. Máximo sigilo. Só pessoas de nível. Margem Sul. Tlm..." Há quem faça sexo por convicção política, por obrigação contratual, por hobby, porque sim... Pois este nosso amigo de forma absolutamente inovadora, faz sexo por prazer. Ora aí está algo que nunca me tinha passado pela cabeça. Apesar de ter a seu favor o facto de ser dos que come e cala, muito gostaria que este nosso prazeroso amigo esclarecesse o conceito de pessoas de nível. Chamem-me conservadora mas o nível de alguém que responde a este tipo de anúncio está claramente abaixo da linha de água.

" Homem casado, 44 anos, muito meigo e carente, procura senhora carente, das Caldas da Rainha, Alcobaça, Leiria, que tenha carro para encontros casuais. Liga ou MMS com nome, idade, profissão. Beijo. Tlm..." É a crise meus amigos, é a crise... Se querem meiguice, têm aqui um homem à altura. Mas há que disponibilizar a logística, que as unidades hoteleiras de curta permanência, vulgo motel de beira de estrada, estão pela hora da morte. Quer miminhos, senhora carente? Traga o seu veículo de bancos rebatíveis, e venha praticar o adultério casual como se não houvesse amanhã.

"Senhora linda, com classe, 60 anos, procura senhor de nível, até 70 anos, que me ofereça uma vida confortável. Respondo só a quem tem os requisitos. Tlm..." Não só volta o conceito "de nível", como é utilizado por alguém com classe. No entanto, esta senhora além de linda é pragmática, pelo que neste caso acho que consigo perceber os conceitos. Ora vamos lá ver:
senhora com classe: alguém que gasta o PIB do Luxemburgo num par de sapatos, sem ter trabalhado um minuto da sua vida para isso.
-senhor de nível: O otário que paga os sapatos e afins da dita senhora.

"Rui, Lisboa, procura mulher muito caseira, para namoro, que goste de cozinhar, tratar da roupa e cuidar do lar. Não a SMS, deve telefonar. Tlm..." Ó Rui, tu achas mesmo que convences alguém? Aquilo que tu queres não se chama namorada. Chama-se mulher-a-dias. Tu não andas à procura de amor, andas à procura de alguém que te passe a casa a pano, sem te levar 7,5 eur à hora.

"Sou o Manuel, solteiro, 69 anos, desejo fazer amizade com senhoras viúvas ou solteiras, dos 20 aos 72 anos. Zona de Lisboa. Tlm..." Gosto do Manuel. Ele não é dos que pesca à cana e devolve ao mar o peixe miúdo. Aqui temos um homem que atira a rede ao mar e desde que tenhas guelras, marcha. Dos 20 aos 72? O amor não escolhe idades, ou ser solteiro com 69 anos tirou-te as manias, Manuel? Tem idade para tirar a carta de condução? Marcha. O veículo que conduz é o suporte da garrafa do soro? Se tiver menos de 72, marcha também!
  
"Olá! Sou um homem de 34 anos, solteiro e independente, resido em Lisboa. Gostaria de conhecer uma mulher dos 30 aos 35 anos que saiba transportar a elegância das palavras. Embora a mulher tímida seja também irresistível. Sou um homem que priorizo a mulher espirituosa em conjunto com a timidez. Sou absurdamente atraído pela mulher perfumada. Tlm..." Queres o quê?? Acho que a técnica de sedução deste nosso interlocutor é confundir as mulheres até um estado de dormência tal, que deixam de ter poder de decisão. Tenho uma teoria, aqui para que ninguém nos ouve... Isto soa-me a Manuel Machadês. Estou convicta que foi o eloquente treinador de futebol que escreveu este anúncio. Refiro-me ao homem que quando quer dizer que um jogo de futebol foi bonito diz e passo a citar "No plano mais técnico, em termos da promoção da modalidade do futebol, que tão despida está de assistência, penso que hoje houve um bom jogo de futebol no plano estético" Faz sentido que para engatar uma miúda afirme "sou um homem que priorizo a mulher espirituosa em conjunto com a timidez" Só mais uma nota: Homem de 34 anos (que quase que aposto um rim que é o Manuel Machado) tu não és absurdamente atraído... És só um bocado absurdo...
  
Rapaz de Vila Nova Gaia, 34 anos, giro, bem alto, solteiro, gentil, doce meigo. Procuro mulher séria, simpática, mas com mamas bastante grandes. Só atendo chamadas. Tlm..." Ora cá está! Deixem-me cá partilhar mais uma teoria: Este nosso amigo "bem alto"(gosto do ênfase) quer uma gaja com mamas grandes. Não é o primeiro, não será o último, aliás faz parte dos 99,9% dos homens. Universo esse que, na minha modesta opinião, só querem um exemplar do sexo feminino com uns portentosos faróis. Não fazem questão de um sentido de humor refinado, mas não vivem sem um magnânimo par de seios. Passam bem sem uma companheira com quem possam discutir o conflito israelo-palestino, mas não dispensam uns nutritivos marmelos. Mas este nosso amigo achou que pôr um anúncio em que dissesse apenas "Quero Mamas Grandes!" era capaz de não ser boa ideia. Sensato, muito sensato!

"Rapaz solteiro, 32 anos, de Gondomar, bem constituído e alto, meiguinho. Quero mulher honesta, com seios bastante avantajados. Só atendo chamadas. Beijo doce. Tlm..." Ver teoria acima. Mais um que faz parte dos 99,9%! Adoro ter razão...

"Procuro namorada. Sou homem, 44 anos, solteiro, jardineiro municipal, tenho casa própria e carro. Moro com mãe, sou branco, gosto muito de fazer oral. Oeiras. Tlm..." Há características que algumas mulheres desejam. Há outras que deixam boa parte das mulheres felizes. Há atributos que a maioria escolhe como requisito sine qua non. Mas há uma que é o sonho de todas sem excepção, a fantasia de qualquer mulher e este homem exibe-a sem pudor. De forma corajosa, este homem clama aos quatro ventos: sou jardineiro municipal. E branco! Meninas, que querem trocar as reticências pelo contacto deste senhor: favor consultar o nº 773 da revista ANA. E não digam que vão daqui...

E sobre a procura do amor, é o que se me oferece dizer...

De maneiras que  hoje foi isto. Espero que tenham apreciado, e que apreciem também a sobremesa de hoje. É uma variação do pavé da minha mãe, Gamba Manuela, e chamo-lhe Pavão, não só por ser um trocadilho parvo, mas também por ser um doce vaidoso, bonito, que anima qualquer mesa, e qualquer palato guloso. E faz-se assim:

Pavão com Morangos Pinguços

Tempo de preparação: Isto é coisa para demorar

Despensa:

1 lata de leite condensado
1 lata de leite meio gordo
Raspa de meio limão
6 ovos
200 ml de natas frescas
4 colheres de sopa de açúcar
1 pacote de bolachas torradas
1 bica
500 g de morangos aos quadrados (guarda 4 para decorar, se quiseres)
2 colheres de sopa de ginjinha

A parte divertida:

Comecemos pelo creme guloso da base: deita os leites, a raspa de limão, e seis gemas num tachinho e mistura bem com uma vara de arames. Leva a lume médio, e vai mexendo sempre até engrossar (10/15 minutos, mais coisa menos coisa). Deita o creme no recipiente onde vais servir, alisa-o, e deixa arrefecer.

Deita os morangos numa taça, salpica-os com a ginjinha, tapa a taça com película aderente e leva ao frigorífico.

Bate as claras em castelo, e bate as natas em chantilly com as 4 colheres de sopa de açúcar. Mistura os dois preparados.

Vamos à montagem: deita o café num prato, passa as bolachas no café até cobrir o creme. Agora deita os morangos. De seguida, cobre com a mistura do chantilly com as claras e alisa.

Pega em 8 bolachas e mete no robot de cozinha, até ficar em areia grossa, e cobre o pavão. Decora com os morangos que reservaste, et voilá!

Post scriptum: Este exemplar de Pavão para o qual se estão a babar, serviu para abrilhantar o aniversário do meu caro amigo Jota da Horta, dilecto esposa de Madame Vienetta. E não sobrou nadinha...





quarta-feira, 28 de maio de 2014

Abertura Oficial da Caça ao Petisco





O Marinho e Pinto? A sério, o Marinho e Pinto? O mesmo que defendeu que a violência doméstica não devia ser crime público (aqui)? A sério? O mesmo que diz que se lembra de sair da patareca da mãe, que ficou quase moribunda por o ter parido (aqui), e que usa esse delírio como argumento contra a coadoção? A sério? O Marinho e Pinto que afirmou que o Mário Machado estava preso, vítima de fundamentalismo justiceiro(aqui)? A sério? O Marinho e Pinto que diz que o que o Brasil mais exporta são prostitutas (aqui)? Mesmo a sério?

Porquê? Porque diz que os políticos são uns mamões? Que não há justiça em Portugal? Que Portugal é um país de corruptos? Da última vez que andei de táxi também ouvi isso tudo, e eu não paguei ao fogareiro com um voto, paguei com 5 euros. O pior é que disse ao meu marido e aos meus filhos que cobria a cara de bosta, e ia pedir naturalização ao Burkina Faso, se o ex-Bastonário fosse eleito... Se alguém tiver uma vacaria, e souber o contacto do consulado do Burkina Faso, agradeço feedback.

Mas adiante, que tristezas não apagam eleições. Mesmo a sério, mesmo um caso sério de petiscaria, são estes Torresmos de Lula. E estão vocês a pensar: "Uat da faque?" Passo explicar: Zé do Polvo, meu dilecto esposo adora o pitéu, mas acha que parecem torresmos. É o que temos, fregueses. Um amor, mas um pouco tolinho, este meu marido. Só podia, né? Para me aturar... E faz-se assim:

Torresmos de Lula 

Tempo de Preparação: Comme si, comme ça

Despensa:

700 g de lulinhas inteiras congeladas
1 limão
Sal e pimenta preta moída q.b.
1 colher de chá de alho em pó
Farinha de milho
Óleo de girassol
Salsa picada

A parte divertida:

Para começar. descongela as bichinhas. Agora, vamos arranjá-las, e não não é nada complicado, juro: saca a cabeça (basta puxar com jeitinho), tira aquela espécie de cartilagem plástica que está dentro da lula (mais uma vez, basta puxar com jeitinho), e corta o tubo em argolas (mais ou menos com um dedo de largura). Não tiro mais nada dos interiores, porque são muito do gostoso.

Agora vamos mariná-las: deita tudo numa taça, junta o sumo de meio limão, tempera com sal, pimenta e alho em pó, e mexe. Tapa com película, e deixa marinar no frigorífico durante meia hora.

Já está? Leva uma frigideira alta ao lume com o óleo, cheia até dois dedos da borda da frigideira, e deixa aquecer bem. Entretanto, "pana" os pedacitos de lula na farinha de milho. Com o óleo quente, é ir fritando os pedacinhos, sem encher a frigideira (cerca de 4/5 minutos) e vai escorrendo em papel absorvente, até esgotar a matéria-prima. Salpica com um pouquinho de sal fino e salsa picada, rega com sumo do meio limão que sobrou, et voilá!

Post scriptum: Este petisco grita a plenos pulmões, esplanada num fim de tarde à beira mar com uma cervejola de pano de fundo. E quem sabe se a Ervilha Maria não é menina para vos brindar com isso? Novidades em breve, fregueses...



sexta-feira, 23 de maio de 2014

Ai, que bem que cheira!




Amanhã é dia de reflexão, fregueses e freguesas. E é matéria para reflectir que aqui vos trago hoje. Uma pequena parábola, vá:

Imaginem um daqueles bufetes de resort em Punta Cana, com opções para todos gostos e feitios. No primeiro jantar, optas por uns escalopes a boiar em molhanga, que te dizem ser uma maravilha, que não te vais arrepender. A carne marcha toda, mas 2 horas depois, dá-se uma convulsão tal na tua flora intestinal, que só abandonas a latrina já a aula de salsa da tarde do dia seguinte está a acabar.

Há hora de jantar, já estás recuperado, e além disso tá pago, tá pago, mesmo que estivesses em estado pré-comatoso, não ias ficar no prejuízo. E hoje, vão uns filetes. Têm um ar inofensivo, mais uma vez garantiram-te que a coisa é de confiança. Duas horas volvidas, brota um Vesúvio no teu estômago, que deixa em modo miúda do Exorcista, no que ao grómito diz respeito.

E agora a pergunta para 5000 euros, e não podem pedir ajudas: a estadia prolonga-se por mais 10 dias, o que é que vão fazer daí para a frente? Resposta A: vão continuar a comer o que já provaram, alternando entre os pratos que te implodiram o sistema digestivo. Resposta B: vais procurar outras alternativas. Pois. Quando forem votar, no domingo pensem nisso. Ah, e abstenção também não vale. Isso é o mesmo que deixar que escolham o vosso jantar por vocês. E é capaz de dar merda. Algo me diz...

Pronto, dever cumprido. Agora, uma receita que garantidamente não vos vai revolver o estômago, mas sim deixá-lo feliz. Com um bónus: estes bifinhos de perú têm um cheirinho do caraças, as ervas e o limão fazem uma festa no prato. E faz-se assim:

Bifes de Glúglú Cheirosos

Tempo de Preparação: Comme si, comme ça

Despensa:

4 bifes de perú grandes ou 8 pequenos, pró fininho
1 colher de sopa de massa de alho
1 colher de chá de oregãos
1 limão
Sal e pimenta preta moída q.b.
Azeite

A parte divertida:

Põe os bifes numa taça, e vamos dar-lhe um spa de sabores e cheiros: junta a massa de alho, os oregãos, sumo de meio limão, sal, pimenta e um fio de azeite. Mete as mãos na massa, envolve bem os bifes nos temperos, tapa com película aderente e leva ao frigorífico meia hora.

Leva uma frigideira anti-aderente ao lume com um fio de azeite. Quando a frigideira estiver quente, coloca os bifes e frita-os 2 minutos de cada lado. Junta o resto da marinada, espreme mais um pouco de sumo de limão, tapa, deixa em lume brando 6-8 minutos, et voilá!

Post scriptum: Podes fazer estes bifes num grelhador, em vez da frigideira. Eu acho que fica mais suculenta assim. E não deixa de ser uma opção saudável, já que uso muito pouca gordura. E são bons, filhinhos, muito bons!






quarta-feira, 21 de maio de 2014

Please colour my plate!




Revista de Imprensa, fregueses. É o que temos para hoje. E aproveitem este acontecimento que tem mais ou menos a mesma periodicidade que o cometa Halley: hoje Ervilha Maria está em modo pouco falador. Sim, vou deixar que estes verdadeiros fenómenos do Entroncamento falem por si. Pronto, vou atribuir uma palavrinha a cada um, vá! Não quero se habituem mal.



NAFTALINOFETICHE
PROSTITUTA DE 85 ANOS CONTINUA NO ACTIVO (pormenores aqui)





AUDIOFETICHE
VÍDEO 'BÁRBARA GUIMARÃES VS MICRO' TORNA-SE VIRAL (pormenores aqui)





ISTO-É-SÓ-ESTRANHOFETICHE
PRESIDENTE DAS MULHERES SOCIALISTAS COMPARA ASSIS A AMÁLIA (pormenores aqui)

E por hoje é tudo. Não é nada, estamos a brincar. Tenho algo ainda mais espectacular que os fenómenos supracitados. E bem mais apetitoso. Eu pelo menos não me vejo a ferrar o dente em nada do acima exposto ( agora fiquei nauseada, vou só ali tomar uma rennie.. pronto já estou bem). Como ia dizendo, aqui tenho para vossemecês O Verdadeiro Espectáculo de Luz e Cor: cenouras e brócolos no papel principal; alho, louro e sementes de sésamo como actores secundários. Um elenco de luxo, portanto. E faz-se assim:


Espectáculo de Luz e Cor, salteado

Tempo de preparação: Tipo Lusco-fusco

Despensa:

Azeite
3 alhos ralados
1 folha de louro fresca
3 ramos de brócolos em florettes (que é como quem diz, em raminhos) cozidos al dente
4 cenouras às rodelas, cozidas
Sal e pimenta preta moída q.b.
1 colher de sopa rasa de sementes de sésamo brancas

A parte divertida:

Isto demora menos de nada: Leva uma frigideira anti-aderente ao lume com um fio de azeite. Assim que o azeite aquecer, junta os alhos ralados (eu uso um espremedor de alho, claramente a melhor invenção depois da roda) e a folha de louro, e deixa fritar 1 minuto. 

Junta os brócolos e as cenouras e salteia em lume forte, durante 5 minutos, mexendo de quando em vez.  Salpica com as sementes, salteia mais 2 minutos, et voilá!

Post scriptum: Sabem com que é que isto fica mesmo, mesmo bem? Com tudo! Estou a exagerar, mas fica bem com muita coisa. Gosto particularmente de emparelhar este espectáculo com uns bifinhos de peru cheirosos, cheios de limão, ervas e cenas. O quê? Querem a receita? Então, não percam o próximo capítulo da Ervilha. Hasta la vista, fregueses!


domingo, 18 de maio de 2014

Ervilha Maria em modo gratidão suprema


De maneiras que, por hoje, é isto que se me oferece dizer. Obrigada por cada uma das 17.118 visitas, pelos 32 seguidores, pelos 388 likes no Facebook, e pelos comentários fofinhos que me deixam com aquela cara de quem está a ver uma ninhada de gatinhos fofinhos.

Será pouco para muitos, mas não para Ervilhe Marie, que está grata como tudo. E meus amigos vos garanto, daquilo que depender de mim isto é só o começo... 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Vamos de saladonga hoje?




Hoje vou abordar um tema fracturante. Um tema polémico, que divide opiniões, e antagoniza as hostes. Incrivelmente, ainda não foi feito um Prós e Contras sobre esta tema. Não, não estou a falar da criminalização do Sabadabadão, não, acho que estamos todos de acordo com isso, haja vontade política. Ou estão à espera que aconteça uma tragédia? Eu mais dois segundos e galgava a varanda, juro.

Estou a falar de delícias do mar. O quê? Não é polémico? Cá em casa, é. As meninas adoram, os meninos abominam.O meu marido, purista dos oceanos que é, acha as delícias uma fraude, dada a seguinte premissa: "estou farto de ir ao mar e nunca vi nenhum cardume de delícias do mar!" E cá uso o argumento infalível "eu cá gosto, porra, ainda por cima é barato!" Fim de discussão.

Posto isto, é óbvio que as delícias não têm o sabor mais pungente desta vida, de maneiras que precisam de um empurrãozinho para alegrar a coisa. Este Molho-Maravilha serve lindamente esse propósito. O iogurte, a maionese e os pickles enrolam-se, qual ménage de sabores, e fazem as delícias do mar subir do fundo da gaveta dos congelados directamente para as luzes da ribalta. E faz-se assim:

Salada "Eu cá gosto!" com Molho-Maravilha

Tempo de preparação: Tipo lusco-fuco

Despensa:

1 alface frisada pequena
1/2 lata de milho
1/2 lata de rebentos de soja
2 ovos cozidos
16 delícias do mar

Molho-Maravilha:

1 iogurte natural
1 copo de iogurte de maionese caseira (receita aqui)
1 punhado de pickles picado
1 pitada de sal, 1 pitada de pimenta preta moída e 1 pitada de alho em pó

A parte divertida:

Isto é tão, tão simples, que quase não é uma receita. E então? Simples, mas não simplório, fregueses. Adiante: ripa a tua alface em tiras fininhas, e espalha num prato grande. Espalha o milho e os rebentos por cima. Corta as delícias do mar em pedaços pequenos em viés (porquê em viés? porque eu acho que fica mais bonito), e salpica a salada.

Vamos ao molho maravilha: mistura a maionese com o iogurte, junta os pickles e mexe, tempera com o sal, a pimenta e o alho em pó. Mexe bem, prova, corrige os temperos se for caso disso, e está feito.

Voltemos à salada: espalha umas colheres generosas de molho em cima da salada. Pica o ovo cozido e salpica a salada com ele. Serve o resto do molho numa molheira ao lado, para os mais gulosos, et voilá!

Post scriptum: É óbvio que podem variar os ingredientes, juntar cenoura, aipo, tomate, o que vos aprouver. Eu gosto de usar não mais de 2,3 vegetais de base. Acho que se pusermos sempre tudo o que temos no frigorífico na salada, parece que estamos sempre a comer a mesma coisa. Mas como sabem, esta é uma xafarica democrática, por isso "botem" o que vos aprouver. E sim, tenho a miúda mais gira do Mundo.





terça-feira, 13 de maio de 2014

Será isto coisa para vos fazer felizes?





Há coisas que não podem deixar de ser partilhadas, não podem mesmo. Até mesmo com as pessoas que não gramas. Com desperdícios de oxigénio desses, partilho: 

Todo o meu buffet de insultos: sim, quando premidos os botões errados Ervilha desce da tamanca, e é menina para envergonhar o Valentim Loureiro. Mais até que a carreira musical do filho do Major, só para terem uma noção. 

Discos dos Pólo Norte: não tenho, mas sou menina para perder a cabeça e gastar 5 euros na Fnac. Para o Miguel Sousa Tavares, por exemplo, era bem capaz de lhe comprar a discografia toda. Dvd's e tudo.

Já com as pessoas de quem gosto, tenho que partilhar as coisas que me fazem feliz, por isso cá vai:

Go Anna/ Vai Anna: Cliquem aqui antes de mais. E agora vejam se não concordam comigo: nada é mais sensual do que dançar num corredor de gavetões do Cemitério de Benfica. Nada representa mais o luxo do que um edredon, camilha, cortinado e sanefa floral, colecção 83-84 da Feira das Mercês. Go Anna, quero mais!

Raul Meireles: Ele é o tipo com mais estilo do mundo do esférico e arredores: confirmem aqui. Ele tem um timbre único e um sentido melódico de virtuoso: confirmem aqui. E agora também dança de forma graciosa e viril ao mesmo tempo? Confirmem aqui. Zé do Polvo, dono e senhor do meu coração, isto é só platónico. E parvo. Muito parvo.

E já se está mesmo a ver, que esta lasanha simples, mas muito saborosa, tinha de ser partilhada convosco, de igual forma. Agrada a miúdos, agrada a graúdos, e agrada muito, muito à Ervilha. E espero que agrade a V. Exas. também. E faz-se assim:

Lasanha à Ervilhe Marie é que sabe

Tempo de preparação: Isto é coisa para demorar

Despensa:

Azeite
600 g de carne picada (metade vaca, metade porco)
Sal e pimenta preta moída q.b.
1 pitada de alho em pó
1/2 colher de chá de oregãos
Molho de tomate (receita aqui)
200 g de cogumelos de Paris frescos, pequenos, cortados em quartos
12 folhas de lasanha seca
200 ml de molho bechamel
3 punhados de mozzarella ralado

A parte divertida:

Leva um tacho a lume médio com um fio de azeite. Assim que aquecer, junta a carne e tempera com o alho em pó, os oregãos, o sal e a pimenta (sem abusos que o molho de tomate já tem tempero). Frita-a até estar toda loirinha por igual, durante cerca de 10/15 minutos.

Junta o molho de tomate à carne, mexe bem, tapa, e deixa cozinhar em lume brando, durante cerca 15 minutos. Leva uma frigideira ao lume com um fio de azeite, e salteia durante 5 minutos com uma pitada de sal e pimenta. Junta à carne, mistura e deixa a apurar mais cinco minutos. Prova e corrige os temperos, se for o caso. 

Liga o forno a 200º. Põe uma panela de água ao lume, para escaldar as folhas de lasanha. Unta um pirex com um fio de azeite. Vamos à linha de montagem: escalda quatro folhas na água (uma de cada vez, 30 segundos) e tapa o fundo. Cobre com metade da carne, espalha 1/3 de bechamel, e polvilha com um punhado de queijo. Repete a operação: massa, carne, bechamel, queijo. Por fim, cobre com as últimas 4 folhas, espalha o resto do bechamel, polvilha com o resto do queijo. Forno com ela durante 20-25 minutos, et voilá!

Post scriptum: Sim, a lasanha com massa fresca é melhor, apesar de mais cara. Eu prefiro, mas não consegui adquiri-la neste dia, fregueses, e a Ervilha não vos ia aldrabar. E também, não ia ser isso que me ia impedir de servir uma lasanha catita aos convivas petizes no aniversário da minha cunhada lindona, Maria Molhanga. Livro de reclamações em branco!



sexta-feira, 9 de maio de 2014

12 points to the Ervilhe Marie Chocolate Cake




Hoje tenho uma coisa muito especial para partilhar convosco. Um relato nu e cru de momentos de televisão de proporções épicas que acontece uma vez por ano. Não, não estou a falar da Bárbara Guimarães nos Globos de Ouro. Isso é só constrangedor. 

Fregueses e freguesas, estou a falar do Festival do Eurovisão da Canção. Isso mesmo, O espectáculo de luz e cor. O verdadeiro, the real thing. Uma amálgama de nevoeiro, fogo de artifício, vendaval no cabelo. Ah, e meia dúzia de notas musicais. E o que é maravilhoso, o que traz este sentimento de amor eterno, é quando eu penso que já nada me vai surpreender: BOOM! E aqui estou eu, ainda boquiaberta com tudo o que me foi ofertado. Passo a elencar aguns dos highlights:

- Uma roda de hamster de tamanho humano, onde um desgraçado correu durante todo o tema. Já não bastava estar no mesmo palco que alguém com uma voz tipo gata com o cio;
- Um tocador de tambor, com um pára-quedas aberto nas costas. Juro! E a dada altura subiu para cima do tambor e saltou heroicamente de uma altura de 20 com...
- Duas gémeas oxigenadas com um rabo de cavalo postiço kilométrico... presas uma à outra pelos próprios dos cabelos. 
- Uma boysband. A cantar, quer dizer, uma espécie de cantar, enquanto saltavam num trampolim.
- Hiphop polaco no feminino, acompanhada não só por bailarinas, como por uma lavadeira de enormes seios e decote mais profundo que o passivo do futebol português, a esfregar um lençol num tanque, enquanto mordiscava o lábio de baixo: borderline porno.
- Ah, e uma transexual de barba chamada Conchita Wurst. Mas eu confesso que depois de tudo isto, a Conchita pareceu-me tão trivial com uma Maria Guinot. Mas com menos laca.

Uma delícia, portanto! Uma delícia também (mais uma ligação espantosa) é este bolo que veio das mãos de Madame Vienetta e me deixou de sorriso de orelha a orelha e com as papilas gustativas saciadas. Tudo a agradecer à Madame por ter cedido os pormenores sórdidos desta obscenidade feita bolo. E faz-se assim:

O Melhor Bolo (com Ervilhas) do Mundo

Tempo de preparação: Isto é coisa para demorar

Despensa:

Massa:

3 ovos grandes
1 chávena de óleo
1 chávena de leite
2 chávenas de farinha
1 chávena de Nesquik
1 chávena de açúcar
1 colher de chá de fermento
Margarina líquida e farinha para untar e polvilhar a forma

Cobertura e recheio:

1 lata de leite condensado 
3 colheres de sopa de manteiga
4 colheres de sopa de Nesquik

Calda:

1 dl de leite
1 cheirinho de Vinho do Porto
1 colher de chá de Nesquik

Decoração:

Chocolate granulado
Ervilhas e vagem feitas com pasta de açúcar

A parte divertida:

Unta a forma com a margarina líquida e polvilha com farinha. Liga o forno a 180º.

Agora põe a batedeira a trabalhar: bate os ovos com o óleo e o leite. Entretanto mistura a farinha com o Nesquik, o açúcar e o fermento. Quando a mistura dos ovos estiver bem batida, peneira a mistura da farinha lá para dentro, e bate tudo devagar até estar bem homogéneo. Deita o preparado na forma, e leva ao forno durante 40 minutos. Usa o truque do palito para ver se o bolo está cozido.

Sim, só assim já era bom, mas a coisa ainda vai ficar melhor: leva o leite condensado, a manteiga, e o Nesquik  a lume brando até engrossar. Vai mexendo esta lava de lúxuria para não pegar.

E a calda? Cá vamos nós: mistura bem o leite, o Vinho do Porto e o Nesquik. Simples, não?

Agora vamos montar a coisa: corta o bolo a meio com cuidadinho, e rega com a calda. Recheia com parte do creme de leite condensado, e cobre o bolo com resto. Salpica com chocolate granulado. Se tiveres paciência e jeitinho (duas coisas que Ervilha Maria não tem), faz a vagem de ervilhas lindas de morrer com a pasta de açúcar. Et voilá!

Post scriptum: tenho uma profunda admiração pelas cake designers desta vida. Estas mãozinhas não têm perícia para coser um botão, portanto fazer estas coisas lindas é coisa que me ultrapassa. Assim, não há instruções sobre como fazer a parte de pasta de açúcar, pois não a conseguiria reproduzir. Ia ficar mais para o sapo atropelado numa auto-estrada.