Um bom salgado é coisa para me fazer feliz, confesso. É com pesar que constato que se trata de coisa quase tão difícil de encontrar como uma célula de talento no José Carlos Pereira. Deixem-me reforçar o quase. Ainda há bons salgados no mundo, ainda há esperança. Já quanto ao Zeca...
Mas falemos da minha relação de amor/ódio com um salgado em particular: a empada. As empadas merecem-me a mesma confiança que um ex-administrador do BPN. Dado o exposto, não dispenso o ritual de lhes tirar a tampa antes de lhes deitar o dente. Este meu hábito já me valeu algumas descobertas menos prazenteiras, mas creio que me poupou algumas indigestões. Ponho-me a pensar que se tivessem começado por levantar a tampa a uns e outros, e tivessem verificado a podridão do recheio... Se calhar tínhamos poupado umas coroas. Mas deixemos o MNE por agora.
Nada do acima referido me tirou o gosto pela bela da empada, pelo que Ervilhe Marie abraça a boa prática do "Faça você mesmo" para resolver a contenda. Não, não é isento de trabalho, mas garanto que é um belo programa de domingo à tarde, com miúdos a esgrimir o rolo da massa incluído.
E nem vos consigo descrever a épica maravilha que é tirar uma destas meninas do congelador, levar ao forno, e passados 20 minutos estar alapada no sofá, com uma empada fumegante numa mão, uma mini na outra e uma maratona de Hell's Kitchen pela frente. F___, yeah! Vamos a isto:
A Bela da Empada
Tempo de Preparação: Isto é
coisa para demorar
Despensa:
Massa
550 g de farinha
150 g de margarina
1 pitada de sal
1 dl de água
2 ovos batidos
Recheio
2 peitos de frango desfiados
(previamente cozido, com sal, um alho e uma folha de louro)
1 cebola picadinha
2 alhos picadinhos
1 colher de sopa de margarina
1 folha de louro
2 dl de água
½ caldo de galinha
½ pacote de polpa de tomate
Sal e pimenta q.b.
1 cheirinho de piri-piri (à consideração
do freguês)
½ pacote de natas
Para deixar A Bela da Empada
douradinha e bonitinha
1 ovo batido com uma colher de
sopa de água
A
parte divertida:
Deita
a farinha numa taça larga, junta uma pitada de sal e a margarina aos pedaços.
Mistura bem com os dedos, até ficar com uma textura de areia grossa. Junta a
água e os ovos batidos, e volta a meter as mãos na massa, literalmente, até
ficar homogénea e lisinha.
Para
fazer o recheio começa por fazer o refogado. Derrete a manteiga num tacho e
junta a cebola, o alho e a folha de louro. Quando o refogado estiver lourinho,
junta o frango, e mistura, e deixa apurar 2 minutos.
Agora,
junta a polpa de tomate, o caldo de galinha , a água, o sal e a pimenta e o
piri-piri, tapa. Fica em lume brando durante cerca de 15 min, e vai mexendo de
vez em quando durante esse tempo.
Por
fim, junta as natas, mexe bem, retifica os temperos e deixa ao lume até
engrossar (bastam uns minutos, mas mantém a vigilância e vai mexendo).
Aproveita agora para ligar o forno a 180º.
Chegou
o momento da linha de montagem. Simples e divertido: Polvilha bancada e o rolo
da massa com farinha. Estica a massa, forra as formas das empadas e corta
tampas à medida das formas. Pica o fundo das empadas com um garfo e recheia as
formas com o preparado, sem encher completamente. Tapa com as tampas, e dá uns
beliscões à volta para fechar a empada.
Last
but not the least, pincela as empadinhas com o ovo batido com água, e vão ao
forno cerca de 20 min. Et voilá!
Post scriptum: acérrima devota do livre arbítrio, estão à vontade para utilizar massa de compra. Juro que não vou a vossa casa apontar o dedo. Tenho para mim, no entanto, que ficam mais gostosas assim. Mas tão à vontade, à vontadinha.
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