quarta-feira, 2 de abril de 2014

Em busca do salame perdido...




Digam-me que as festas de aniversário da vossa infância não tinham insufláveis, nem pinturas faciais. Que não convidavam a turma inteira. Que festa temática é coisa que nunca vos passou pelo estreito. Que é óbvio que nunca passaram o dia de aniversário numa conhecida cadeia de big burguers ou all you can eat, até porque as ditas não tinham ainda assolado este rectângulo catita a que chamamos pátria. Digam-me por favor, mesmo que seja mentira, para eu não me sentir ultra pelintra e mega jurássica.

As festas de aniversário da minha infância eram em casa, com três ou quatro amigas criteriosamente seleccionadas " e chega bem, que é não quero mais miúdos cá em casa". Íamos ao videoclube e alugávamos um filme (inesquecível e glorioso 12º aniversário em a matiné foi preenchido por "Conan, o Bárbaro"), e enchíamos o bandulho de guloseimas, como se não houvesse amanhã. A minha mãe confeccionava uma mesa de doces maior que a feijoada da Ponte: mousse, bolo de chocolate, molotof, pão de ló, arroz doce, salame... Já voltamos ao salame... De compra, figuravam as míticas tortas da DanCake (a de amendoím era a minha preferida). A única coisa que faltava nesta megalómana mesa , por decreto lei de Senhora Minha Mãe Gamba Manuela, era a gelatina. A Juíza Matriarcal decidiu que era "uma porcaria, que só fazia mal à saúde", e a gelatina foi banida lá de casa. Acredito que só escapei ao trauma, porque ingeria doses colossais da tremeliquenta sobremesa nas festas de aniversário das minhas amigas. Desculpa, mãe, era mais forte que eu!

Voltando ao salame, este canudo de doçura era presença assídua nas festas de aniversário da minha infância. E continua a ser nas festas dos meus pequenos, muito por causa de quem, adivinhem lá? Pois está claro, Maria Achocolatada. Eu, pouco chocolateira que sou, não me faço rogada a uma singela fatia amantizada com uma bela bica. E faz-se assim:

E quando a Bolacha se enrola com o Chocolate, isso é...

Tempo de preparação: Tipo Lusco-fusco na preparação, Isto é coisa para demorar no frigorífico

Despensa:

200 g de manteiga amolecida
200 g de chocolate em pó
150 g de açúcar em pó
1 pacote de bolacha maria (200g)

A parte divertida:

Simples e eficaz: mistura bem a margarina com o chocolate. Agora junta o açúcar, e toca a misturar com convicção. Por último, parte as bolachas em pedacinhos, junta à mistura de chocolate e mexe bem. Quando a mixórdia estiver homogénea, deita-a numa folha de alumínio e enrola, apertando bem (assim como quem enrola um cigarrinho recreativo.Não que eu saiba, vi num filme.) Forra com mais uma folha por cima, leva ao frigorífico pelo menos seis horas, et voilá!

Post Scriptum: Ele há quem junte frutos secos ao salame. Estão devidamente autorizados a fazê-lo (como se vocês estivessem muito ralados com o que eu acho ou deixo de achar... Enxerga-te, Ervilha! Pronto, já passou.). Neste caso em concreto, tendo em conta o facto do salame de chocolate fazer parte do meu imaginário infantil, and so on and so on, prefiro a receita tradicional. Mas os fregueses fazem o que vos aprouver, combinado?




2 comentários:

  1. Gosto muito da receita e da maneira como introduz as suas memórias e quotidiano nos posts! Parabéns! http://aromasdecor.blogspot.pt

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    1. Muito obrigada! Quero é ver fregueses felizes. E volte sempre! No facebook a Ervilha anda por aqui: https://www.facebook.com/ervilhemarie

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