terça-feira, 22 de julho de 2014

Ervilha Maria pelo Mundo: Budapeste, Episódio IV




Fregueses, se há coisa que me dá prazer e deleite é partilhar coisas boas convosco. Quase tão bom, ou por vezes ainda mais prazenteiro, é partilhar coisas más. Sim, é o meu novo guilty pleasure que partilho convosco, hoje: Água de Mar a nova ficção da RTP1. O mais próximo de um descarrilamento ferroviário em termos audiovisuais a que tive acesso nos últimos tempos. E olhem que eu segui as transmissões da Selecção Nacional na Copa.

Como é que eu poderei definir este novo produto da estação pública... Imaginem que os "Morangos com Açúcar" e o "Sei lá" eram primos, e tinham um filho : Água do Mar é  o fruto deste amor. As personagens têm a espessura de um carpacio de novilho, e o enredo tem a consistência de uma maionese deslaçada. 

Deixem-me descrever o encontro das personagens principais, ex-namorados, afastados há 10 anos: ela acaba de enterrar a mãe, por isso vai passear para a praia à noite. Ele é gerente do bar da dita praia, e  convence uma tímida empregada do bar que tem uma voz de rouxinol, medo do palco e um passado obscuro, a substituir a cabra maldosa que ia actuar nessa noite, mas foi assolada por uma amigdalite. A empregada brilha, o namorado da cabra fica encantado, e a cabra fica com uma tremenda dor de corno. Vai daí, o gerente do bar enlevado pela voz maviosa da empregada tímida, vai  a correr para a praia, desnuda-se por completo e atira-se ao mar, tudo isto a 200 m do seu estabelecimento comercial nocturno, que se encontra à pinha. Vai ele a sair do mar conforme veio ao mundo e encontra-se com a sua ex-namorada, recém-chegada a Portugal e com trauma pós-enterro. Pelo cara de espanto da moça, a água devia estar a uma temperatura elogiosa para o protagonista, de maneiras que aquilo não é na Foz do Arelho, deve ser nas Maldivas. Dito isto, não perco um episódio.

Já esta receita de hoje, é tão boa, tão boa, que chega a ser espectacular, e não a devem perder. Recria um dos pratos degustados em Budapeste, de que falei aqui, e há que dizê-lo com toda a frontalidade: o resultado não só está muito próximo, como é bom que se farta. É a season finale da novela "Ervilha Maria pelo Mundo: Budapeste". E faz-se assim:

Frango à la Budapeste com Batatinhas Magiares

Tempo de Preparação: Comme si, comme ça

Despensa:

8 bifinhos de frango
Sal e pimenta preta moída q.b.
1 colher e meia de chá de paprika
1 colher e meia de chá de tomilho seco
800 g de batatinhas novas aos gomos
2 colheres de sopa de margarina
2 alhos ralados
16 espargos frescos
8 fatias de queijo fumado

A parte divertida:

Para começo de conversa, vamos temperar os nossos bifinhos (dos dois lados): sal, pimenta preta, 1  colher de chá de paprika, e 1 colher de chá de tomilho. Frigorífico com eles, durante 15 minutos.

Leva as batatas ao lume, apenas com sal, e deixa-as cozer durante 15 minutos, a partir da fervura. Escorre, e reserva.

Unta um pirex com margarina. Leva a frigideira anti aderente ao lume, com 1 colher de sopa de margarina. Assim que derreter, junta os alhos ralados e deixa-os alourar 1 minuto. Frita os bifes dois minutos de cada lado, e coloca-os no pirex, já untado.

Liga o forno a 200º. Na mesma frigideira que usaste para os bifinhos, salteia os espargos com uma pitada de sal e pimenta, durante 4 minutos.

Vamos à montagem: 2 espargos em cima de cada bife, e uma fatia de queijo por cima. Forno com eles durante cerca de 10 minutos, até estar tudo douradinho.

Entretanto, mais uma vez na mesma frigideira dos bifes, junta 1 colher de sopa de margarina, e quando estiver derretida junta as batatas. Tempera com uma pitada de sal e pimenta, e as meias colheres de paprika e tomilho. Salteia durante 7-8 minutos em lume alto, sacudindo a frigideira com frequência. Emprata os bifinhos com as batatas, et voilá!

Post Scriptum: O queijo fumado é o ex-libris deste prato. Acredito que possa ficar gostoso com outros queijos, mas não será certamente a mesma coisa. Não é fácil de arranjar, muito menos o queijo fumado húngaro. Eu encontrei um italiano no Continente, que se portou um verdadeiro magiar no prato, e cumpriu a sua função na perfeição. Palavra de Ervilha!


2 comentários:

  1. Ainda não deleitei os olhos em tal obra prima, mas depois de ler o resumo que fez já percebi que é imperdível...Quanto ao prato deve ser óptimo embora eu não coma carne. Maria F.Silvestre

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  2. Aposto que com um filetezinho de salmão, a coisa também ficava bem catita. Experimente e depois conte coisas, boa? Desafio lançado!

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