quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O Regresso ao Futuro das Salsichas Enroladas



Posso nomear todos os vencedores dos Big Brotheres, Secret Story's, Desafios Finais e demais sucedâneos, alguma vez transmitidos na televisão portuguesa. Com jeitinho, os finalistas também. É nesta altura que o senhor cá de casa diz "Tu às vezes assustas-me!". Com um ar verdadeiramente aterrorizado. Tipo quando lhe ligam da oficina para dar o orçamento da revisão. Pavor, portanto!

E não, não tenho vergonha disso. Foi um processo gradual, tive que lidar com discriminação, os olhares enviesados, com os bullys desta vida... Mas finalmente, ganhei força, e saí do armário. E com coragem grito a plenos pulmões: os realitys shows fazem-me feliz. E a Teresa Guilherme é a maior. Pronto, já disse. 

Ressalvas a fazer: não voto em ninguém, não torço por ninguém, porque não gosto ninguém. Simplesmente, aprecio ver duas dezenas de seres intelectualmente diminuídos numa casa, a enterrarem-se uns aos outros. E sim, o verbo enterrar aqui pode ter diversos sentidos. Sim, eu gosto de dizer mal de cenas e pessoas várias. E este é o veículo perfeito para isso.

E porquê proclamar esta TVfilia exactamente hoje? Porque as salsichas enroladas fazem-me lembrar-me os concorrentes dos BB's e afins que passam toda uma prestação  a ser frontais e humildes, embora isso lhes afecte o psicológico, por que são 24 sobre 24 horas (como não amar este mundo, nem que seja só pelo dialecto). Não passam em óculos escuros dentro de casa (que é uma coisa que me encanita) e estão ininterruptamente enrolados em edredóns. É isto. Sim, a minha mente percorre caminhos tortuosos. É tão verdade como estas salsichas serem uma delícia retro, tantas vezes feitas pela minha mãe. Manual de instruções infra:

Salsichas em edredón de couve

Tempo de preparação: Isto é coisa para demorar

Despensa:

1 colher de sopa de margarina
8 salsichas frescas (eu uso de porco, mas é à vontade do freguês)
1 linguiça, cortada em meias luas finas
1 cebola picadinha
2 alhos picadinhos
1 folha de louro 
1 lata de tomate aos pedaços
4 colheres de sopa de polpa de tomate
1 copo de vinho branco (20 cl, mais coisa menos coisa)
Sal e pimenta preta moída q.b.
10 folhas grandes de couve lombarda (com os talos aparados)
1 malagueta (à vontade do freguês)

A parte divertida:

Derrete a margarina num tacho, e dá uma "entaladela" às salsichas até ficarem coraditas. Reserva (sinto-me tão profissional quando digo isto). Salteia a linguiça no mesmo tacho. Reserva. Isto a fazer uma caminha de gostosura, só pode correr bem. Põe água ao lume numa panela, para escaldar as folhas da couve.

Refoga a cebola, o alho e a folha de louro no tacho. Assim que estiver dourado, junta o tomate, a polpa, metade do copo de vinho, e tempera com o sal e a pimenta, tapa, e deixa a cozinhar em lume brando durante 10-15 minutos.

Agora vamos agasalhar as salsichas (isto não soa muito bem... ou soa?): escalda a folha de couve (30 segundos em água quente), com a folha com o talo na horizontal, coloca a salsicha paralela no extremo da folha, dobra os excedentes dos lados para cima da salsicha, enrola, e espeta um palito no meio. Tcharan! Vão ver que não custa nada.

Retira o molho do tomate, dispensa a folha de louro (já fez o trabalho dela), e passa com a varinha mágica. Tira metade do molho para uma taça, alinha as salsichas no tacho e cobre com o resto do molho. Junta a malagueta, o resto do vinho e salpica com a linguiça. Tapa, deixa cozinhar em lume brando durante meia hora, et voilá!

Post scriptum: E perguntam os fregueses "E acompanho isto com o quê?" Tradicionalmente com arroz branco. Também fica com supimpa com puré de batata. Mas só com umas fatias de pãozinho torrado, assim tipo ensopado, é coisa para fazer Ervilha Maria feliz. Esta receita é dedicada a um Real amigo, com Real graça e Real talento.  Olha que Realmente, foi muito bem lembrado!











1 comentário:

  1. estava eu a babar com a receita, eis que agora me babo também com isto "Real amigo, com Real graça e Real talento"... tanto R maiúsculo! :8) (corado) um Real Obrigado. e prometo dar as entaladelas e agasalhar as salsichas asap!

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